quarta-feira, 22 de outubro de 2008

ECONOMIA PARALELA VALE 21,9 % DA RIQUEZA

A economia não registada, que passa à margem dos registos e controlo oficial, corresponde a 21,9 % do Produto Interno Bruto português (cerca de 37,1 mil milhões de euros), segundo estimativas apresentadas num estudo da Faculdade de Economia do Porto.

O estudo cita cálculos feitos pela Organização Para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) que apontam para os países da OCDE, em média, uma economia paralela na ordem dos 16,3 por cento do Produto Interno Bruto (PIB).
Os Estados Unidos da América são o país onde há menos economia "sombra" (8,4 por cento), logo seguido da Suíça (9,4 por cento). No lado oposto, encontram-se o Zimbabué (63,2 por cento) e a Geórgia (68,0 por cento).

A economia paralela anda da "mãos dadas" com a fraude, que representa entre 1,5 e 2,0 por cento do PIB. Ou seja, entre 2.745 milhões de dólares e 3.660 milhões de dólares, refere o estudo.
Para Carlos Pimenta professor da Faculdade de Economia do Porto, estes números são "assustadores" e defendeu a formação de quadros especializados e o aumento do "controlo interno das instituições, focando todas as áreas de maior risco de fraude". Segundo este professor, "a tendência em todo o mundo é de um aumento da economia não registada e isso repercute-se em Portugal".

A economia não-registada é constituída por quatro grupos essenciais: economia subterrânea (fuga ao fisco), economia ilegal (como por exemplo tráfico de droga), economia informal (tem como razão essencial da sua existência a garantia de uma estratégia de sobrevivência) e a economia de autoconsumo (como agricultura tradicional).
Existem muitas quantificações parciais da economia não-registada, que resultam de estudos promovidos por entidades especializadas, como o cálculo das fugas ao fisco feita pelas administrações fiscais. Há ainda cálculos indirectos, como por exemplo: sabendo-se a área aproximada de cultivo de coca numa determinada região pode-se estimar a que montante de actividades não registadas é que vai dar lugar na economia mundial.

A directora do Departamento de Investigação e Acção Penal, Maria José Morgado, afirmou que o branqueamento de capitais produzem "vantagens fabulosas, altamente rentáveis para os seus autores", mas alertou que o "facto de se injectar dinheiro sujo na economia é um perigo para o mercado e empresas". "O crime económico e o dinheiro sujo provoca o aumento dos preços dos serviços, prejuízos para as empresas e a economia poder ser dominada por forças ocultas e não pelo mérito e livre concorrência", acrescentou.

Notícia LUSA (Adpat.)